É preciso compreender que a saúde mental dos trabalhadores precisa ser uma prioridade estratégica nas empresas que desejam ser sustentáveis, produtivas e, acima de tudo, humanas.

A inclusão dos riscos psicossociais no Programa de Gerenciamento de Riscos (PGR), além de atender às exigências da NR-01, é um passo essencial para iniciar um processo real e efetivo de promoção da saúde mental no trabalho.

Pois este laudo mostra, de forma técnica e documentada, como fatores como excesso de trabalho, assédio, falta de autonomia, pressão por metas e clima organizacional tóxico afetam a saúde mental dos trabalhadores, permitindo que a empresa identifique, avalie e controle esses riscos antes que gerem adoecimentos, afastamentos e passivos trabalhistas.

Dessa forma, o mapeamento desses riscos é o pontapé inicial para construir um ambiente de trabalho mais equilibrado e saudável. A empresa que faz isso já está um passo à frente.

Do diagnóstico à transformação: ações que geram impacto real

Uma vez identificados os riscos psicossociais, o próximo passo é desenvolver ações práticas, que podem e devem ser tanto coletivas quanto individuais, e atuar em três frentes:

  • Prevenção primária: mudanças estruturais na forma de organizar o trabalho, como revisão de metas, redistribuição de tarefas, melhoria da comunicação e fortalecimento da liderança empática.
  • Prevenção secundária: detectar sinais de sofrimento mental antes que evoluam para adoecimento, por meio de escutas qualificadas, triagens psicológicas e apoio imediato.
  • Prevenção terciária: acolher de forma humanizada os trabalhadores afastados por transtornos mentais, facilitando o retorno ao trabalho com segurança, respeito e planejamento.

O que já está funcionando no Brasil? Diversas empresas brasileiras já entenderam que a promoção da saúde mental precisa sair do papel e se tornar prática cotidiana. Abaixo, listo algumas ações concretas que estão sendo implementadas com sucesso em ambientes corporativos:

  • Check-ins emocionais semanais: reuniões curtas em equipe onde os colaboradores compartilham como estão se sentindo, promovendo escuta ativa e empatia no dia a dia.
  • Calendário de saúde mental: criação de uma agenda anual com campanhas mensais, rodas de conversa, oficinas de respiração e atenção plena (mindfulness), sempre com foco em autocuidado.
  • Café com a liderança: encontros informais entre gestores e equipes para fortalecer vínculos, reduzir barreiras hierárquicas e abrir espaço para feedbacks honestos.
  • Canal anônimo de escuta psicológica: via app ou plataforma digital, o colaborador pode relatar situações de estresse ou assédio e receber orientação ou encaminhamento.
  • Aulas de yoga, meditação guiada ou ginástica laboral emocional: inseridas na rotina semanal, com foco no bem-estar físico e mental.
  • Cartilhas internas educativas sobre saúde emocional, estresse, sono, equilíbrio digital e uso consciente de redes sociais.
  • Flexibilização de horários e teletrabalho parcial, principalmente em momentos de maior sobrecarga emocional ou para apoiar trabalhadores em fase de luto, separações ou crises familiares.
  • Metas humanizadas: algumas empresas já revisaram seus indicadores de performance, incluindo o bem-estar como fator de avaliação e ajustando metas para não gerar sobrecarga.
  • Comitês internos de saúde emocional: com representantes de diferentes setores para identificar melhorias no clima organizacional e propor ações com base nas realidades específicas da equipe.
  • Parcerias com clínicas e plataformas digitais para oferecer psicoterapia breve, acolhimento psicológico, psiquiatria ou até teleatendimento com profissionais especializados.

Promover saúde mental é um compromisso ético e inteligente!

Não se trata apenas de cumprir a legislação. Trata-se de reconhecer que pessoas emocionalmente saudáveis produzem melhor, se relacionam melhor e permanecem mais tempo nas empresas.

Quando uma organização assume esse compromisso com seriedade, ela colhe frutos que vão além dos indicadores de desempenho: ela constrói um ambiente de confiança, pertencimento e valorização do ser humano.

“Com mais de duas décadas atuando na saúde ocupacional, aprendi que ouvir, acolher e agir preventivamente é o que verdadeiramente transforma o ambiente de trabalho. Incluir os riscos psicossociais no PGR é muito mais do que cumprir norma — é cuidar de gente. E cuidar de gente é cuidar do futuro da empresa.” – Dr. Raimundo Leal.

Para atender às exigências de Saúde e Segurança no Trabalho no eSocial, contrate profissionais habilitados: médicos do trabalho ou engenheiros de segurança com Registro de Classe.